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Primeiro número exclusivamente online
Revista nº 21 "Comunicação e Sociedade", já disponível
Já está disponível a revista "Comunicação e Sociedade" nº 21 do CECS-Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (Universidade do Minho, Portugal). Trata-se do primeiro número da publicação em suporte exclusivamente online e é dedicado ao tema "Género e Heterossexualidade - Discursos e Imagens na Publicidade e nos Media". A coordenação do volume pertence a Zara Pinto-Coelho e a Silvana Mota-Ribeiro, ambas investigadoras do CECS.
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[Download integral] | PDF [2,88 MB] |
Do uno e múltiplo: as aporias do nosso desassossego | |
Zara Pinto-Coelho, Silvana Mota-Ribeiro | 7-11 |
On the one and many: the aporias of our restlessness | |
Zara Pinto-Coelho, Silvana Mota-Ribeiro | 12-16 |
Construções da imagem feminina na propaganda: para além do efeito persuasivo | |
Daniella de Menezes | 19-38 |
Fios Partidos: estampas de mulheres em O Céu de Suely | |
Emanuella de Moraes | 39-48 |
O garoto da capa: castração e gozo na banca de revistas | |
Marcelo Santos, Maria Ribeiro | 49-66 |
Imagens de mulher: representações do envelhecimento feminino nos media brasileiros | |
Maria Luisa Mendonça | 67-78 |
Género e carreiras artísticas na emergente indústria cultural brasileira | |
Raphael Bispo | 79-94 |
Gendered adverts: an analysis of female and male images in contemporary perfume ads | |
Sandra Tuna, Elsa Freitas | 95-108 |
Príncipe ou Sapo? Os estereótipos masculinos em spots brasileiros e portugueses. | |
Simone Freitas | 109-122 |
Envelhecimento do corpo: noções díspares nas mídias atuais | |
Sonia Farber | 123-134 |
O corpo masculino na Publicidade: uma discussão contemporânea | |
Soraya Januário, António Cascais | 123-148 |
Discursos do exótico nas revistas femininas: uma análise dos 'outros' do Pós-Feminismo | |
Cláudia Álvares | 151-164 |
As mulheres e a afirmação histórica da profissão jornalística: contributos para uma não-ossificação da História do jornalismo. | |
Maria João Silveirinha | 165-182 |
Género, Guerra e Políticas do Corpo: uma Análise Crítica Multimodal da Metáfora na Publicidade | |
Michel Lazar | 183-204 |
O reino do casal heterossexual na publicidade: uma análise sociosemiótica das estratégias visuais e inscrições discursivas | |
Zara Pinto-Coelho, Silvana Mota-Ribeiro | 205-214 |
Pantallas en la sociedad audiovisual: edu-comunicación y nuevas competencias | |
José Aguaded, Ángel Hernando-Gómez, Amor Pérez | 217-230 |
Nós e eles: responsabilidade social dos média na construção de uma cidadania culturalmente inclusiva | |
Manuel Barbosa | 231-240 |
A transpiração do quotidiano ou os poros do real mediático | |
Philippe Joron | 241-248 |
Rodger Streitmatter (1995) Unspeakable: The Rise of the Gay and Lesbian Press In America, 1.ª edição, Boston: Faber and Faber, 424 pp. | |
Ana Maria Brandão | 251-253 |
Mary Talbot (2007) Media Discourse. Representation and Interaction, Edinburgh: Edinburgh University Press, ix, +198 pp. | |
Zara Pinto-Coelho | 253-255 |
Onde estão (se é que ainda existem) os certificados do Stonewall?!
De: Seminário Internacional Fazendo Gênero - site <secretaria.fazendogenero@gmail.com>
Data: 27 de julho de 2012 00:05:06 BRT
Para: Juciana de Oliveira Sampaio <jucianasampaio@gmail.com>
Assunto: FG10 :: 1a. circular/inform/circulaire
Seminário Internacional Fazendo Gênero
Prezado/a Juciana de Oliveira Sampaio,
Encaminhamos a primeira circular informando sobre a próxima edição do Seminário Internacional Fazendo Gênero, que acontecerá entre os dias 16 e 20 de setembro de 2013 em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Pedimos a gentileza de compartilhar entre os pares essa informação.
Com os melhores cumprimentos,
Comissão organizadora
Estimadx,
Enviamos la primera circular anunciando la próxima edición del Seminário Internacional Fazendo Gênero, que se realizará entre el 16 y 20 de septiembre de 2013 en Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Le pedimos que comparta esta información.
Atentamente
Comisión Organizadora
Dear,
We are forwarding our first communication to inform you that the next edition of the Seminário Internacional Fazendo Gênero will take place from 16 to 20 September, 2013 in Florianópolis, State of Santa Catarina, Brazil. We would kindly ask you to share this note with your peers.
Yours sincerely,
Organizing Committee
Chères/Chers collègues,
Je vous en prie de recevoir la première circulaire annonçant la prochaine édition du Seminário Internacional Fazendo Gênero ("Séminaire International 'Faire le Genre'") qui aura lieu entre le 16 et le 20 septembre 2013 à l'Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brésil.Nous vous remercions par avance de l'intérêt que vous porterez à cette circulaire en le diffusant largement dans vos réseaux.
Bien cordialement,
Comité d'Organisation
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Caso não queira mais receber nossas mensagens, clique aqui.
Seminário Internacional Fazendo Gênero
http://www.fazendogenero.ufsc.br/
Boa tarde a tod@s,
Encontra-se abaixo a primeira circular do FG10, a qual também está disponível em: http://www.fazendogenero.ufsc.br/informativo/view?ID_INFORMATIVO=9A informação está sendo encaminhada a tod@s @s participantes do evento anterior através da newsletter para que haja ampla divulgação.
Cordialmente,Secretaria do Fazendo GêneroWebsite: www.fazendogenero.ufsc.br---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Seminário Internacional Fazendo Gênero - site <secretaria.fazendogenero@gmail.com>
Data: 25 de julho de 2012 12:24
Assunto: FG10 :: 1a. circular/inform/circulaire
Para: Secretaria Geral do Fazendo Gênero <secretaria.fazendogenero@gmail.com>
Prezado/a,
Encaminhamos a primeira circular informando sobre a próxima edição do Seminário Internacional Fazendo Gênero, que acontecerá entre os dias 16 e 20 de setembro de 2013 em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Pedimos a gentileza de compartilhar entre os pares essa informação.
Com os melhores cumprimentos,
Comissão organizadora
Estimadx,
Enviamos la primera circular anunciando la próxima edición del Seminário Internacional Fazendo Gênero, que se realizará entre el 16 y 20 de septiembre de 2013 en Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Le pedimos que comparta esta información.
Atentamente
Comisión Organizadora
Dear,
We are forwarding our first communication to inform you that the next edition of the Seminário Internacional Fazendo Gênero will take place from 16 to 20 September, 2013 in Florianópolis, State of Santa Catarina, Brazil. We would kindly ask you to share this note with your peers.
Yours sincerely,
Organizing Committee
Chères/Chers collègues,
Je vous en prie de recevoir la première circulaire annonçant la prochaine édition du Seminário Internacional Fazendo Gênero ("Séminaire International 'Faire le Genre'") qui aura lieu entre le 16 et le 20 septembre 2013 à l'Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brésil.Nous vous remercions par avance de l'intérêt que vous porterez à cette circulaire en le diffusant largement dans vos réseaux.
Bien cordialement,
Comité d'Organisation
Gente,
EDUFBA participa do VI Congresso Internacional de Estudos sobre a Diversidade Sexual e de Gênero lançando livro e representando outras editoras
A Editora da Universidade Federal da Bahia (EDUFBA) marca presença no VI Congresso Internacional de Estudos sobre a Diversidade Sexual e de Gênero, promovido pela Associação Brasileira de Estudos da Homocultura (ABEH), que acontece entre 1 e 3 de agosto em Salvador. Neste evento, a EDUFBA lança o livro Pagodes baianos: entrelaçando sons, corpos e letras, de Clebemilton Nascimento, e comercializa diversos outros títulos, inclusive lançamentos de outras editoras.
As letras das músicas de pagode produzidas na Bahia nas últimas décadas são entendidas em Pagodes baianos como espaços de produção de significados sociais. A partir delas, o autor analisa de que forma as relações de poder entre homens e mulheres estão sendo forjadas e representadas nos discursos produzidos por essas músicas. Constatando que a imagem feminina no pagode baiano é sempre construída a partir do olhar masculino, o livro toma a sexualidade como um fator determinante da mudança social na contemporaneidade.
A presença da EDUFBA em eventos como este Congresso insere-se em ações que visam à disseminação do conteúdo produzido no ambiente acadêmico, sobretudo na Universidade Federal da Bahia (UFBA), e o intercâmbio entre editoras universitárias de todo o Brasil. Durante o Congresso, a EDUFBA representa o lançamento de outros 29 títulos e é responsável pela comercialização de diversas obras, integrantes ou não do seu catálogo.
Serviço
VI Congresso Internacional de Estudos sobre a Diversidade Sexual e de Gênero
Quando: 1 a 3 de agosto de 2012, quarta-feira a sexta-feira, horários variados*
Onde: Reitoria da UFBA e PAF III da UFBA (Campus de Ondina) – Salvador, Bahia
Mais informações: www.abeh.org.br | Programação geral do evento
Lançamento de Pagodes baianos, de Clebemilton Nascimento
Quando: 2 de agosto, quinta-feira, às 19h30
Onde: PAF III da UFBA (Campus de Ondina) – Salvador, Bahia
Preço especial de lançamento do livro: R$ 20,00
Informações adicionais sobre Pagodes baianos
ISBN: 978-85-232-0867-7
Ano: 2012
Número de páginas: 200
Formato: 17 x 24 cm
http://noquetange.wordpress.com/2012/07/20/senhora/
Não que eu não fosse (lido como) gay em Portugal, ou não que lá inexista homofobia – eu mesmo cheguei a narrar aqui um caso lá me sucedido. Mas me chocou um pouco quando, recém-chegado na "terrinha", senti minha presença passar despercebida em meus primeiros dias naquele país. Como se tudo ali estivesse nos conformes: eu, supostamente com um pinto entre as pernas (sim, o mantenho), e com postura de macho. Não, né? Mas o modo de se vestir daqueles meninos – que, pelo comportamento masculinizado, até que hajam outras "evidências", eram socialmente lidos como héteros (quer dizer, eles sequer "apareciam", pois estavam afinadinhos com a norma) – não destoava muito do estilo que ali eu incorporava (por exemplo, eu não usava batas em Portugal) ou do que já era incorporado por alguns gays no Brasil. Até meados de 2010, período em que viajei, pelo menos na Bahia era ainda coisa de viado menino vestir-se com calça justa. Lá não. Não posso negar que (não só) isso dificultou o meu trabalho: tardei a compreender quem era ou não gay em Portugal, e estou certo de que, ainda que excessões bastante localizadas possam contestar, um ano não foi suficiente para isso. Quando os gringos (em geral europeus) cá chegam, é sempre difícil entender de cara se eles curtem ou não. E não estou aqui dizendo que o contrário seja fatidicamente um "empecilho" – pode inclusive não ser. Certa feita brinquei ao ver um suposto estrangeiro na praia; perguntei ao colega que estava comigo: "peraê, ele é gay ou é gringo?". Enfim, fato é que, tamanho foi o inicial estranhamento de não ser estranhado naquelas paragens, que senti mesmo saudade de ser identificado como gay, de receber aquele olhar sagaz de quem já entendeu qual é a sua. Ali, a ausência de laços (na condição de estrangeiro, quando à primeira vista nem mesmo como "estrangeiro" eu era identificado), integrou-se ao manifesto desconhecimento social da minha identidade gay. E perceba que não estou falando meramente em identidade "sexual", e sim em existência. O mais engraçado, relacionando isso com a masculinidade dos jovens europeus de um modo geral (aqui grosseiramente tratando-a como se fosse apenas uma; excluindo, por exemplo, a performance de alguns gajos que vivem em freguesias ciganas), é que, caso estivessem no Brasil – observação compartilhada com outros amigos brasileiros que lá viveram – a maioria deles seriam aqui lidos como gays. Falo especialmente em vestimenta e gestual.
Para lembrar ainda da minha experiência como gay em Portugal – sem nem saber ao certo o que me motivou a falar sobre isso – conheci muitos portugueses enrustidos. Não é que eu não conheça brasileiros enrustidos, mas para mim foi especialmente chocante estar com um estudante de comunicação (sim, comunicação) e ele não querer admitir nem mesmo ser por mim cumprimentado na universidade – a fim, obviamente, de não levantar suspeita. Àquela altura eu já estava mais ou menos certo de que seria gay em qualquer lugar. Como disse um amigo, a minha voz denuncia; deve ser isso – embora eu aposte que não seja só isso. Por falar em voz, à procura de apartamento esses dias, eu falava por telefone com um corretor de imóveis. Desde o primeiro momento ele se referia a mim como senhora; "porque a senhora isto", "a senhora aquilo", até que certa hora decidi, só de deboche, desconcertá-lo. Sim, pura provocação. Tantas vezes, por preguiça ou desdém, jamais "reenquadrei" o meu gênero por telefone. Pois bem, o interrompi: "eu sou homem [será?], me chamo Maycon". Ele não evitou um riso, e, com aquela voz de senhor dublador de filmes da sessão da tarde, respondeu "oh, senhor, me perdoe". O perdoei. O engraçado é que num dado momento, assim de repente, ele voltou a referir-se a mim como senhora. Senhora senhora senhora, até que, também sem ter nem pra quê, começou a alternar entre senhor e senhora. E eu nada fiz. É certo que minha voz o embaralhou, mas devo tê-lo embaralhado muito mais quando, ao fim da ligação, ele me pediu desculpas pelo "equívoco", e eu disse, sinceramente, "que bobagem". Dois ou três dias depois, lá vou eu ligá-lo novamente. Como nos falamos apenas uma vez e ele deve receber tantas ligações diariamente, procurei situá-lo ao meu respeito, a fim de que ele se lembrasse de mim. Mas fui interrompido: nos falamos apenas uma vez e bastou. Sem esconder o sarcasmo que parece tão bem afinado com a sua voz, disse, acompanhado de um risinho: "sua voz é inconfundível". Do outro lado, ao desligar o telefone, ri muito com um amigo. Certos episodios são assim: piadas prontas. Já respondi também com sorriso quando, em consultório médico, a secretária me tratou como senhora. O detalhe é que ela estava muitíssimo constrangida, e a princípio não entendi bem o porquê, uma vez que quem supostamente deveria ficar constrangido era eu. O gênero é mesmo levado com uma gravidade abissal. Por ter ciência que sua "desatenção" tem uma razão de ser, o meu papel ali era de amenizá-la a aflição, assegurá-la de que encaro o gênero de outra maneira. No fim como uma coisa que não me pertence, afinal de contas é você quem vai dizer, melamor. É mais ou menos como aquela composição de Lazzo e Jorge Portugal: "minha pele é a linguagem/ e a leitura é toda sua". Venho assim respondendo com bom humor a esses embaraços sociais. Mas é claro que não foi sempre assim; já engrossei muito a voz pra não ser confundido com mulher, e não vou mentir que até hoje o faço em algumas ocasiões bem específicas. As travestis também fazem – somos todas irmãs, eu você e mais um monte fazendo gênero – ê troço que dá trabalho. Não preciso dizer que na maior parte do tempo vivo por aí gozando da confusão, que às vezes ganho mesmo o dia com algumas coisas que me acontecem, como um "toma jeito, novinha!" que escutei essa semana, e que retruquei com um "Jeito?! Cê não acha que já sou jeitoso demais?". O humor desbanca o homofóbico, faz ele passar batido com a agressão não cumprida. Estou cansado de em banheiros de bares, restaurantes e afins, o rapaz ir entrando, olhar para mim e dar meia volta, achando se tratar de uma mulher. Com singeleza, prendo um sorriso. Ou solto – fui chamado de "borboletinha azul" por Seu Ogum de Ronda. Também pode acontecer de eu ir entrando no banheiro masculino, e alguém me interromper o percurso, querendo me dizer que estou entrando na porta errada. E se eu estiver? A única vez que fiz algo que não me divertido especialmente com o equívoco alheio, foi quando um jovem, que julgou-me gay – provavelmente porque era bonito e o olhei mesmo – disse que o banheiro era Masculino, mas não "inocentemente" ou por engano, e sim com visível intenção de me desqualificar (quando era eles que se sentiriam desqualificados). Pacientemente, o esperei mijar. Mija, neguinho. Quando então ele foi lavar suas mãozinhas, também fui eu las minhas lavar, numa pia lado a lado da sua. Olhei para ele e, ritmado, lhe cantei aqueles versos do Caetano: "masculino, feminino e plural" (da música "Falou, amizade"). Ele corou de vergonha, jamais esperava qualquer reação.
Por Tu, Gal. Rua da Constituição, cidade do Porto. O muro estava já estava grafitado. Uma semana depois, cobriram de branco as bichas do norte. Em Portugal elas usam véu. Eu não.
Mas voltando aos portugueses (ah, como eu adoro os portugueses), ao contar a um amigo paraguaio que um tuga havia me beijado antes de tomar o táxi de volta à casa, jocosamente ele perguntou: "peraê, ele era português mesmo?". Essa – e aqui quero brincar com as palavras – "aparente invisibilidade" dos LGBT em Portugal lembra-me também de uma conversa que tive com um amigo (hétero) português sobre os terríveis assassinatos motivados por homofobia que acontecem no Brasil. Comparando com a realidade de Portugal, chegamos a uma conclusão: que lá a situação é diferente não apenas pelo fato de que, por diversas razões, a sociedade portuguesa não é violenta, como são as brasileira e americana, mas também porque os gays em Portugal não dão tanto na vista. É claro que, nas afirmações excessivamente genéricas que faço, me baseio na minha breve experiência naquele país. Não quero aqui também reduzir a complexidade em que se constituem as agressões homofóbicas na simples fórmula "visibilidade X reação", mas acredito que devamos, sim, levá em conta de algum modo. Muitas vezes me perguntei se seria por isso que uma sociedade tão católica como a portuguesa (sobretudo na sua porção menos laica – a região Norte) tenha "admitido" o casamento homossexual. União civil gay? Jóia, mas onde mesmo estão os gays? Eles podem casar, até porque já não nos importunam, e assim quem sabe façam ainda menos barulho. A "invisibilidade" LGBT em Portugal, ou pelo menos no Norte, onde vivi, às vezes me parecia tão grande que, desculpa, vivemos numa mesma casa; como assim você não sabe que eu sou gay? Ah, você jura que faço a linha discreta? Pois bem, quando eu estava para me mudar, fui avisar à senhoria, dona da casa onde eu morava, que eu "estava namorando e decidimos viver juntos". De pronto ela disse: "Ah, ié, então vais morar com ela?". Simulando constrangimento, respondi: "É; com ele, na verdade". Passada, ela disse "Ah… ele?". Dias depois eu soube, através de um amigo que lá também morava, que ela realmente não sabia que eu era gay, que achava apenas que eu tinha medo de mulher. O detalhe é que ela sempre fazia as piadas mais machistas comigo, do tipo "vais botar uma gaja na mesa", e eu e meu amigo hétero, como gostava de a ele referir-me (por deboche, deslocando a diferença), jurávamos que essas anedotas ironizavam deliberadamente a minha sexualidade. Ele ria muito com o meu constrangimento, mas não recebeu de bom grado as queixas da senhoria por ele ter omitido a espécie a qual pertenço. A senhoria é assim como a minha família, que segundo um primo não vê nenhum problema no fato de eu ser viado, mas que afinal eu preciso dizer que sou viado. Localizar-me, enjaular-me. Já o senhorio – este sim, um sábio – que mês a mês recebia a edição da revista que eu tinha assinatura, curiosamente endereçada à "Senhora Maycon", disse que "aquele ali [eu] nunca me enganou". Como se eu quisesse enganá-lo. Mas ora, veja, logo eu, da malta do desbunde, que gosta de mostrar pra que veio. E mostro.
Depois de um ano exilado, ao chegar na Cidade da Bahia e antes de ir para Feira, minha terra natal, peço que meus pais dêem uma paradinha no Acarajé da Cira. Prestes a atravessar a rua, um carro cheio de rapazes para, e eles todos começam a gritar para mim um "ei, mamãe", enquanto que, com os lábios, mandavam-me beijos (que eu recebia sorrindo e movimentando a cabeça para um lado e para o outro, como quem diz "mas vocês… não têm jeito". É óbvio, o jeitoso sou eu. Ali, antes até que o meu paladar, tive uma plena e feliz certeza: eu estava de volta à Boa Terra. E é assim que eu gosto dela. De mamãe à novinha, rolando até um amorzinho.
E se isso pra você é homofobia…
Tags: homofobia
Publicado em Uncategorized | 2 Comentários »
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração,
Assim falava a canção
No lado esquerdo do peito,
Mesmo que o tempo e a distância digam não
O que importa é ouvir a voz que vem do coração.
Seja o que vier,
Colegas
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