(cusvirtual) A sexualidade e as crianças: tabus que geram violências

A sexualidade e as crianças: tabus que geram violências


Leandro Colling


Cena 1: Forte do Barbalho, Salvador, noite do dia 1º de outubro de 2012, Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia (FIAC-BA). No espetáculo Yo no soy bonita, a atriz Angélica Liddell conta, com elementos de sua própria biografia, os impactos de um abuso sexual que ela sofreu quando tinha nove anos. Em determinado momento, ela pega uma gilete, corta a pele dos seus joelhos e filetes de sangue escorrem pelas canelas. Ela pega pedaços de pão, passa na pele ensanguentada e come. A cena embrulha meu estômago, a plateia fica chocada.


Cena 2: Câmara dos Deputados, Brasília, dia 15 de maio de 2012, IX Seminário LGBT - Respeito à Diversidade se Aprende na Infância, organizado pelo deputado federal Jean Wyllys. Assisto a uma palestra da pesquisadora Tatiana Lionço sobre a sexualidade das crianças, na qual ela defende a tese de que não podemos ler com as lentes dos adultos as brincadeiras infantis que as crianças fazem entre si, em especial no momento em que estão descobrindo os seus corpos. Ela diz que o fato de um menino tocar outro menino, ou explorar o corpo dele de alguma forma, não pode ser automaticamente lido como um sinal de que o menino será homossexual. "Deixem as crianças brincarem em paz", diz ela em determinado momento. A íntegra da palestra você pode conferir aqui (http://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cdhm/videoArquivo?codSessao=00020959&codReuniao=28952#videoTitulo)


Cena 3: Um deputado federal, ligado ao setor religioso mais fundamentalista do Brasil, lança na internet um vídeo no qual ele edita a fala de Tatiana Lionço e de outros participantes do IX Seminário, dizendo, entre outras aberrações, que ela está estimulando a pedofilia e o "homossexualismo" entre as crianças. Várias organizações, a exemplo do Conselho Nacional LGBT e a Associação Brasileira de Estudos da Homocultura (ABEH), já lançaram notas públicas em que criticam o vídeo editado pelo religioso e prestam solidariedade aos pesquisadores/as.


É possível criticar a edição do vídeo por vários caminhos. Primeira coisa a dizer é que não existe pedofilia quando duas crianças do mesmo sexo brincam entre si com os seus corpos. Pedofilia é quando um adulto abusa sexualmente de uma criança. Mas não é através deste caminho que quero seguir meu texto em quem descrevo estas três cenas às vésperas de comemorarmos mais um Dia das Crianças. O que elas têm a ver umas com as outras? Muitas coisas, mas vou desenvolver apenas duas que considero fundamentais:


Tá gostando? Leia o restante do texto em http://www.ibahia.com/a/blogs/sexualidade/




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Leandro Colling
Professor do IHAC e do Programa Multidisciplinar de Pós-graduação em Cultura e Sociedade da UFBA - www.poscultura.ufba.br
Presidente da Associação Brasileira de Estudos da Homocultura (ABEH) - http://www.abeh.org.br/
Centro Estudos Multidisciplinares em Cultura - CULT - http://www.cult.ufba.br/
Grupo de Pesquisa Cultura e Sexualidade (CuS) - www.cult.ufba.br/cus
Lattes:  http://lattes.cnpq.br/9841032316581104



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