Sexualidade

http://www.buala.org/pt/corpo/1-chamada-reflexao-sobre-o-corpo-corpo-e-precariedade

1ª chamada - reflexão sobre o corpo - CORPO E PRECARIEDADE

Durante o ano de 2013 a equipa BUALA vai trabalhar, pela primeira vez, numa temática específica, sem abandonar o trabalho de arquivo de materiais sobre temas diversos. Pensar sobre o CORPO, nos seus múltiplos tentáculos, desdobramentos, conflitos, realidades e utopias, é o nosso desafio para chegar ao resultado de uma publicação em papel (possível devido a uma campanha bem sucedida de crowdfunding). Pensar sobre o corpo é, mais do tudo, uma necessidade estratégica para quem deseja questionar os processos normativos de exclusão, naturalização e produção, pôr em movimento novas formas de estar no mundo, novos afectos, abrir o horizonte do pensamento. 

O livro de Judith Butler A Vida Precária inspira em grande parte esta publicação. Perante a exigência de cumprir condições sociais e económicas de qualquer existência, pensaremos na precariedade enquanto vida que pode danificar-se ou perder-se, destruir-se ou desdenhar-se sistematicamente até ao ponto da morte.  

Mais de acordo com Butler do que com Agambem, acreditamos que as vidas não são moldadas fora da pólis, num estado de exposição radical, mas encontram-se vinculadas e constrangidas por relações de poder, numa situação de exposição forçada. Assim não é o retirar da lei aquilo que produz precariedade, mas os próprios efeitos da aplicação da lei ou um determinado exercício do poder estatal.

Tais vidas podem ser afectadas sem serem objecto de "duelo", pois a precariedade é necessária para a protecção do estilo de vida ou da vida de outros sujeitos. Portanto não se pode pensar em corpo ser ter em conta as condições que o tornam vulnerável à precariedade, sejam questões relativas ao género, origem, orientação sexual, sexualidade, classe, raça, diferença cultural, doença, incapacidade, aspecto físico ou idade. Neste sentido, pretendemos insistir menos na política identitária ou nas pretensões identitárias (e sua subversão enganadora) e mais na precariedade e suas distribuições da diferença e da exploração nos mapas do poder contemporâneo.

Linhas para pensar (totalmente abertas):

_repensar o corpo (excluído) no contexto pós-colonial (embodiment- being in the world- poscolonial).

_corpos e formas de violência

_a concepção do corpo e o activismo político (que concepções do corpo favorecem um activismo político?)

_representação do corpo (exclusão, reprodução e transgressão)

Convidamos os leitores e colaboradores do BUALA a produzir textos e imagens relacionados com estes e outros temas. Os registos podem ser de todas as naturezas: poético, ensaístico, jornalístico, impressionista, manifestos, provocações, convém é não ultrapassar as 1500 palavras nem o dia 15 março 2013.
O email de envio é o info@buala.

Ainda vamos abrir mais três chamadas com novos desafios temáticos. Os textos serão discutidos por um núcleo editorial, publicados no site organizados em 4 dossiês distintos e, no final do ano, sairá a tal publicação em papel com um criteriosa selecção destes materiais, entre autores convidados.

BUALA é um portal online de reflexão, crítica e documentação das culturas africanas contemporâneas que, desde 2010, graças a uma rede internacional de colaboradores, tem vindo a documentar grandes debates culturais partindo de um conceito alargado de África pós-colonial.

por Buala
Corpo | 16 Janeiro 2013 | corpo, exclusão, revista, vida precária

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